04/06/2020

Novo documentário indica que Raul Seixas não entregou Paulo Coelho para à ditadura. 01/06/2020

AtençãoO texto a seguir não é de propriedade minha! Apenas quero compartilhar com vocês! Créditos aos sites: 

Documentos divulgados recentemente pelo jornal Folha de S. Paulo indicam que o cantor Raul Seixas não entregou o escritor e parceiro Paulo Coelho à ditadura militar em 1974. Ao que tudo indica, Coelho foi preso e torturado por engano. A hipótese de que Raul teria traído o amigo foi divulgada na biografia "Não diga que a canção está perdida", lançada por Jotabê Medeiros em 2019.

O novo documento está presente em uma tese sobre Raul Seixas defendida na Universidade de São Paulo (USP) em 2016, de autoria do pesquisador Lucas Marcelo Tomaz de Souza. Segundo o arquivo, Paulo Coelho, o escritor, foi preso e torturado no lugar de um militante do extinto Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), também chamado Paulo Coelho. Os dois têm apenas um sobrenome diferente: o escritor é Paulo Coelho de Souza e o militante, Paulo Coelho Pinheiro.


Raul Seixas e Paulo Coelho, o escritor, estavam sendo investigados pela ditadura após o lançamento do álbum "Krig-ha, Bandolo!", sob suspeita de produzir "músicas de protesto". O cantor foi chamado a dar explicações por duas vezes. Na segunda, ele foi liberado e Coelho, interrogado. O autor foi interceptado por um táxi, ao lado de Adalgisa Rios, então namorada dele e ex-militante que produziu uma série de ilustrações para Seixas, logo após dar seu depoimento. Ele ficou preso por duas semanas e foi submetido a tortura.


Na ficha policial, consta que "por intermédio do compositor (Raul Seixas)", seria possível localizar e deter "o foragido Paulo Coelho Pinheiro, do PCBR", além de Adalgisa Rios. O Paulo Coelho Pinheiro em questão era o militante, que realmente existia, mas estava foragido. A informação foi confirmada pelo filho de Pinheiro, Diogo, que é engenheiro ambiental. Ele lamentou o fato do escritor ter sido preso e torturado por engano.
Reprodução - Fundação Paulo Coelho

Em outra ficha, divulgada agora, aparece a descrição e uma foto de Paulo Coelho Pinheiro, não do escritor. Lucas Marcelo Tomaz de Souza, autor da tese embasada no documento, diz que tudo passa a fazer sentido quando se encontra o documento com as informações do militante - antes, acreditava-se apenas que o nome do escritor havia sido escrito de forma equivocada, mas que os policiais realmente estavam atrás dele, não de outra pessoa com nome semelhante.




"Não era comum esse tipo de violência física contra músicos populares. A tortura era direcionada a militantes engajados em movimentos de esquerda, o que seria o caso do novo sujeito que entra na história", disse Tomaz de Souza à Folha de S. Paulo. Outros dois pontos, corroborando que Raul Seixas não entregou Paulo Coelho, também foram destacados: além de ter continuado amigo do cantor, o autor já era uma pessoa pública, logo, não seria necessário que alguém o delatasse para que fosse encontrado.



Responsável pela biografia que lançou a hipótese contra Raul Seixas, Jotabê Medeiros afirmou à "Folha" que não pesquisou a coincidência dos nomes. "Meu interesse foi clarear as circunstâncias que fizeram Raul levar Paulo à polícia", disse ele, apontando, ainda, que o segurança de Raul fazia parte de uma "organização paramilitar". Paulo Coelho não se manifestou.

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